Google Translator - choose your language

prato de jantar | Tiles S/A

Fábricas Desconhecidas ou Pouco Conhecidas:



Cerâmica Nacional Tiles S/A
Ribeirão Pires - SP
prato de jantar
faiança
decoração com transfer print
década de 1950
coleção Fábio Carvalho / Porcelana Brasil


A mesma decoração da postagem anterior, apenas a marca no verso é diferente. Desta fábrica até hoje conheço apenas três peças, todos pratos iguais, com a mesma decoração; dois com a marca como o desta postagem, e o prato com a marca da postagem anterior.

prato de jantar | Tiles S/A

série Fábricas Desconhecidas ou Pouco Conhecidas:



Cerâmica Nacional Tiles S/A
Ribeirão Pires - SP
faiança
decoração com transfer print
circa década de 1950
coleção Fábio Carvalho / Porcelana Brasil

jogo de jantar e chá de brinquedo | Fábrica de Louças Evaristo Baggio



jogo de jantar e chá de brinquedo
Fábrica de Louças Evaristo Baggio
Curitiba - PR
louça de pó de pedra
decoração com estanhola e esponjado azul cobalto
circa 1942
coleção Lucy e Luzia Malucelli
fotos cortesia José Francisco Klas

prato raso | Fábrica de Louças Evaristo Baggio



prato raso
Fábrica de Louças Evaristo Baggio
Curitiba - PR
louça de pó de pedra
decoração com decalques e filetes em ouro
-1931/1958+
coleção John Carlos Richter

xícara de café | Fábrica de Louças Evaristo Baggio

xícara de café
Fábrica de Louças Evaristo Baggio
Curitiba - PR
louça de pó de pedra
decoração com decalques e filetes em ouro
-1931/1958+
coleção Fábio Carvalho / Porcelana Brasil



bandeja de bolo
Fábrica de Louças Evaristo Baggio
Curitiba - PR
louça de pó de pedra
decoração com filetes em ouro
-1931/1958+
coleção Fábio Carvalho / Porcelana Brasil

jarro - Fábrica de Louças Evaristo Baggio


jarro
Fábrica de Louças Evaristo Baggio
Curitiba - PR
louça de pó de pedra
decoração com pintura à mão e aerógrafo
-1931/1958+
fotos cortesia Mercado das Pulgas - Curitiba [ facebook >> ] [ site >> ]

A curiosa peça acima, que apesar de se parecer com um canecão, se encaixa melhor na categoria de jarro, é para mim claramente inspirada nos "Toby Jugs" ingleses, criados e popularizado na segunda metade do século XVIII.

Um Toby Jug - também conhecido como Fillpot (ou Philpot) - é um jarro de cerâmica na forma de uma pessoa sentada, ou a cabeça de uma pessoa reconhecível (geralmente um rei inglês). Normalmente, a figura é um homem corpulento e jovial, segurando uma caneca de cerveja em uma mão e um cachimbo de tabaco na outra e vestindo trajes do século 18: um casaco longo e um chapéu "tricorn" (de três pontas). O chapéu forma um bico do jarro, e uma alça é anexada na parte traseira. Jarros representando apenas a cabeça e os ombros de uma figura também são referidos como Toby Jugs, embora estes devem ser estritamente chamados de "Character Jugs", ou jarros faciais, o termo histórico mais amplo. Acredita-se que seja um desenvolvimento de jarros de Delft similares produzidos na Holanda. [ Wikipedia >> ]

  

embalagens | Porcelana Pozzani


Quero aqui agradecer publicamente a Ana Carolina Melo, do Jeitinho Antigo >> pelo generoso envio de uma série de fotos de embalagens antigas de jogos da Porcelana Pozzani, com os nomes das decorações, contribuindo assim para a minha pesquisa! Obrigado!

decalques Fontana




Agora vemos vários outros decalques que muito provavelmente foram produzidos pela Fábrica Fontana, e que podem ser encontrados em louças dos anos 1940 a 1960 de muitas fábricas brasileiras. Naturalmente a Fontana produziu muitos outros padrões, mas aqui apresentamos apenas os mais frequentes em nossas faianças e porcelanas.

decalque Fontana



[continuação]

Na foto vemos peças de um conjunto de chá da Porcelana Renner, onde podemos observar todas as variações deste padrão decorativo em decalque litográfico, talvez o primeiro (senão, certamente um dos primeiros) fabricado no Brasil pela Fábrica Fontana, de Curitiba. Reparem que há desde uma única rosa isolada, até um ramo grande e complexo com várias rosas abertas e botões ainda fechados. Este decalque foi usado por uma infinidade de fábricas brasileiras, e também estrangeiras, desde os anos 1940 até meados da década de 1960.

Na próxima postagem serão apresentados outros padrões decorativos que talvez tenham sido igualmente produzidos para Fábrica Fontana.

[segue]

decalque Fontana



Nesta foto vemos uma prova material daquele que, se não foi o primeiro, certamente foi um dos primeiros padrões para decalques cerâmicos fabricados no Brasil. A Fábrica Fontana, de Curitiba, foi a primeira a fabricar em escala industrial decalques cerâmicos litográficos. Originalmente, o interesse da Fontana era produzir seus próprios rótulos litográficos para as embalagens de chá-mate, mas depois passaram a produzir também decalques para terceiros, entre estes, os decalques para decoração de louça de faiança ou porcelana.

Embora a produção dos decalques cerâmicos no Brasil aconteça no princípio da década de 1940, sua história pode começar a ser contada a partir de 1920. Neste ano é criada a Litografia "Schroeder e Kristein", em Curitiba, a primeira a produzir decalques no Brasil, sendo que por esta época já haveriam iniciado experimentos com decalques à quente (para tecidos, metais, etc.) e a fogo (para louça cerâmica).
[segue]

Cerâmica Santa Terezinha



A decoração das peças são majoritariamente feitas com relevo moldado, pintura à mão livre e aerógrafo, principalmente na cor azul-cobalto com acabamentos em dourado, mas observa-se também peças em que o azul-cobalto aparece combinado com outras cores, e ainda, peças pintadas de cores diversas. O uso de decalques florais e de cenas românticas foi observado em menor quantidade. Além dos vasos e xícaras, também podemos encontrar medalhões, estatuetas e bibelôs diversos, andorinhas e patos de varanda, castiçais, jarrões, licoreiros, potiches, urnas, paliteiros, pinguins de geladeira, abajours, centros de mesa, e cinzeiros.

Cerâmica Santa Terezinha



As peças domésticas da Santa Terezinha que chegaram aos nossos dias são, basicamente, todas de caráter decorativo, pois mesmo as xícaras, bules, bandejas e licoreios já observados, que poderíamos classificar como utilitárias, são muito ornamentadas com relevos florais ou abstratos, como volutas, tramas, trançados, figuras humanas e animais mitológicos, entre outros. São muito conhecidas as "xícaras isabelinas" ou "xícaras caipiras" produzidas por esta fábrica, que eram um tipo de presente comum de se ofertar em uma certa época.

Cerâmica Santa Terezinha


Marcas usadas pela Cerâmica Santa Terezinha ao longo de tempo em que produziu peças domésticas.

💖 DOAÇÂO 💖 | petisqueira | Cerâmica Weiss


💖 RECEBIDOS! 💖
Obrigado Luiz Mott pelo lindo presente!!
--------------------------------
prato / petisqueira
Cerâmica Weiss
São José dos Campos - SP
faiança
decoração com pintura à mão livre
déc. 1950
coleção Fábio Carvalho

💖 DOAÇÃO 💖 | prato infantil | Fábrica de Louças Paulista Céramus


💖 DOAÇÃO 💖
Obrigado Antiguidade Potiguar pelo lindo presente!!
@antiguidadepotiguar
--------------------------------------------
prato infantil
Fábrica de Louças Paulista Céramus
louça de pó de pedra
decoração com decalque e filetes azul cobalto
coleção Fábio Carvalho

página de catálogo | Porcelana Real



página de catálogo da Porcelana Real
década de 1960

xícara de chá e prato de sobremesa | Porcellana Mauá



xícara de chá e prato de sobremesa
Porcellana Mauá
porcelana
decoração com decalques e detalhes em ouro
esta decoração corresponde àquela vista na cartela da postagem anterior.
déc. 1950/60
foto: cortesia @coisasdevo17
www.instagram.com/coisasdevo17/

cartela de orientação de decoração | Porcellana Mauá



cartela de orientação de decoração
Porcellana Mauá
déc. 1950/60
cortesia Museu Municipal de Barão de Mauá

vasos | Bonadio


vasos
Bonadio
louça de pó de pedra
decoração com pintura à mão livre com detalhes em ouro
déc. 1940
foto cortesia Agatha Bonadio

urna | Bonadio



A marca "Bonadio"
------------------------------------------------
(continuação)
Entretanto, até hoje só foram observadas peças decorativas com a marca "Bonadio", com formatos (modelos) e decoração pintada à mão extremamente semelhantes aos produzidos pela Cerâmica Weiss (algumas destas decorações são até mesmo encontradas exatamente iguais em peças Weiss), o que faz pensar que talvez a situação de conflito tenha se dado principalmente, ou até mesmo apenas, entre os sócios da Santo Eugênio e da Weiss, ainda mais se levarmos em conta que a Conrado Bonádio só foi criada em 26/03/1946. Até mesmo o formato de numeração junto à marca, indicando modelo/decoração, entre outras informações de produção, é muito similar ao adotado pela Weiss.
------------------------------------------------
urna
Bonadio
louça de pó de pedra
decoração com pintura à mão livre com detalhes em ouro
déc. 1940
foto: site Mercado Livre

caixa redonda | Bonadio


A marca "Bonadio"
------------------------------------------------
(continuação)

Mario Coriolano Bonadio, que assumiu a direção da Santo Eugênio em 1942, para tentar resolver o conflito com os grupos "independentes", determinou que as peças produzidas pelos dois grupos atuando na fábrica usariam um nome e marca em comum, "Bonadio", baseada na assinatura de Eugenio Bonadio, e os lucros teriam de ser divididos igualmente entre todos os sócios da Bonadio S/A. Isto teria por fim gerado desentendimentos entre os sócios dos grupos "independentes", que deixaram a Santo Eugênio para montar suas próprias fábricas: a Cerâmica Irmãos Weiss (iniciada em 1941), e a Cerâmica Conrado Bonadio (iniciada em 1946).

(continua)
------------------------------------------------
caixa redonda
Bonadio
louça de pó de pedra
decoração com pintura à mão livre com detalhes em ouro
déc. 1940

vaso pequeno | Bonadio



A marca "Bonadio"

Segundo descendentes da família Bonadio, família fundadora das fábricas Santo Eugênio, Weiss e Conrado Bonadio, em um depoimento que registrei em 2009, pelo início da década de 1940 originou-se internamente na fábrica Santo Eugênio dois grupos "independentes", um liderado por Inês (Bonadio quando ainda solteira, pintora ceramista, filha de Eugênio Bonadio) e Roberto Weiss (marido de Inês), e outro liderado por Conrado Bonadio (filho de Eugênio Bonadio). Estes dois grupos eram compostos por sócios da Santo Eugênio, que produziam suas peças utilizando material, empregados e fornos da Santo Eugênio, mas que saiam da fábrica com marca própria de cada grupo, e o lucro das vendas ficava apenas com os sócios de cada grupo. Esta situação quase levou a fábrica à falência.
(continua)

vaso pequeno
Bonadio
louça de pó de pedra
decoração com pintura à mão livre com detalhes em ouro
déc. 1940
coleção Fábio Carvalho




DESIGNERS.BR | coleção In Gloria et Honor | Fábio Carvalho


DESIGNERS.BR
coleção In Gloria et Honor
criação de Fábio Carvalho para a Porcelana Vista Alegre Portugal

bandeja de bolo | Fábrica de Louças Paulista Céramus

bandeja de bolo
Fábrica de Louças Paulista Céramus
louça de pó de pedra
decoração com estanhola e aerógrafo
coleção Fábio Carvalho

cafeteira | Fábrica de Louças Paulista Céramus


cafeteira
Fábrica de Louças Paulista Céramus
louça de pó de pedra
decoração com estanhola, filetes e detalhes em verniz preto
1938 / 1959
coleção Fábio Carvalho

caneca pequena | Fábrica de Louças Paulista Céramus


caneca pequena
Fábrica de Louças Paulista Céramus
louça de pó de pedra
decoração com transfer
coleção Fábio Carvalho

💖 DOAÇÃO 💖 | bule de chá | Fábrica de Louças Adelinas


💖 RECEBIDOS / DOAÇÃO 💖
Obrigado Antiguidade Potiguar pelo lindo presente!!
--------------------------------------------
bule de chá
Fábrica de Louças Adelinas
São Caetano do Sul - SP
faiança (pó de pedra)
decoração com decalques e filetes em verniz
1933/1935
coleção Fábio Carvalho

Made in Brazil?

por Fábio Carvalho | agosto/2006
artigo originalmente publicado na revista Retrô

Existe um vício cultural entre nós que infelizmente parece nunca mudar: a mania (desejo?) do brasileiro em viver em eterno estado de “colonizado”, supervalorizando o que vem de fora, e julgando o produto local como inferior, mesmo quando evidentemente este não é o caso. Por aqui, qualquer coisa que seja identificada como “importada”, de imediato ganha uma “aura” de superioridade. E por que será que as pessoas parecem ter verdadeira vergonha, e às vezes até horror, aos produtos “Made in Brazil”?

Alguns meses atrás, em uma loja de antiguidades de São Paulo, eu estava sendo atendido por uma senhora muito amável e elegante, que atua no ramo há muito tempo. Num dado momento, notei um belíssimo jogo de chá da Porcelana Real, com marca de fabricação da década de 1960. Foi quando, para meu espanto, eu a ouvi contar que as peças da Real, como aquela que eu estava vendo (que para ela era dos anos 1940, já havia aí um engano), “passavam apenas pela primeira queima (biscuit) na fábrica, eram decoradas com os decalques, e seguiam de navio para a Alemanha, para sofrer glasura (vitrificação) e douração”, pois “o Brasil não possuía forno de alta temperatura adequado para a produção de porcelana fina até depois da Segunda Guerra Mundial”. Ou seja, até mesmo no caso de produtos genuinamente nacionais, é preciso de alguma forma agregar um “selo de valor estrangeiro”, pois se for apenas brasileiro, não é bom suficiente.

jogo de chá e bolo | Porcelana Real | Mauá - SP | anos 1960
porcelana | decoração com decalques, verniz verde e ouro | coleção Fábio Carvalho

Acontece que o Brasil possui fornos para queima e vitrificação de porcelana em escala industrial pelo menos desde a década de 1920, e em menor escala já na década de 1900, pois segundo Edilno Brancante, em seu livro “O Brasil e a Cerâmica Antiga”, de 1981, há registros de louça de mesa de porcelana fabricada pela Cerâmica Nacional, de Caeté (MG), entre os anos de 1903 e 1921, que abastecia o mercado de Minas Gerais. Esta fábrica foi fundada por João Pinheiro da Silva em 13/07/1893.

E já no final do século XVIII, entre 1790 e 1797, houve no Rio de Janeiro a fabricação de jogos de porcelana dura e camafeus de biscuit em estilo Wedgwood, por João Manso Pereira, havendo inclusive registro de suas marcas de 1793 usadas no Brasil e em Lisboa no “Guide de l’Amateur de Porcelaines et de Fayences”, de E. Zimmerman, já na 13ª edição em 1910.

camafeus de biscuit em estilo Wedgwood | João Manso Pereira
Rio de Janeiro - RJ porcelana | circa 1797 | coleção Banco do Brasil
fonte: O Brasil e a Cerâmica Antiga, E. F. Brancante. 1981, Cia Lithographica Ypiranga, SP

Todo o processo produtivo da Porcelana Real era realizado no Brasil, desde a extração e preparo das matérias primas, moldagem das peças, até a decoração, douração e vitrificação. Seus produtos eram de altíssima qualidade, e além de abastecer o mercado brasileiro, exportava para a Dinamarca, Noruega, Finlândia, Venezuela e África do Sul, e fornecia a louça oficial das Embaixadas do Brasil, da Disneylândia, da Prefeitura de Nova Iorque e da Marinha Norte-Americana, segundo o artigo “Memórias da Cidade”, de W. Puntschart, em publicação de 2004 do Centro de Referência da Memória e História de Mauá.

Constantemente eu vejo em feiras, lojas, e sites de leilão peças de fabricação nacional ganharem “cidadania” estrangeira. Acredito que a principal razão destes erros seja mesmo a desinformação (pois quase nunca há a preocupação em se pesquisar e estudar mais sobre o que se está lidando) e distração, pois na maioria das vezes a dica da nacionalidade está na própria marca gravada na peça. Por exemplo, a bandeja de bolo da foto abaixo não é japonesa, como é comumente alegado, mas sim da Porcellana Mauá, de Mauá, SP, com decoração executada por terceiros, aqui mesmo no Brasil.

bandeja de bolo | Porcellana Mauá | Mauá - SP | déc. 1960
porcelana | decoração executada por terceiros, com decalque, aerógrafo e detalhes em ouro

O pior é quando mesmo depois de avisada que uma determinada peça não é estrangeira, mas sim brasileira, a pessoa nada faz a respeito, e continua a vendê-la como importada. Aí já saiu do terreno da desinformação ou distração, para o da pura má fé. E infelizmente, a desinformação é ainda maior entre os compradores, que se deixam enganar facilmente.

Vejamos agora alguns dos erros mais comuns de “troca de nacionalidade” de marcas genuinamente brasileiras:

Adelinas - Portugal
Ars Bohemia - Boêmia (Polônia e República Checa)
Germer – Portugal
Luiz Salvador – Portugal
Cerâmica Matarazzo (marca padrão) – Inglaterra e Alemanha. A Cerâmica Matarazzo teve, além de suas marcas tradicionais, ao menos seis marcas fantasia, que parecem ter sido usadas para linhas diferenciadas de decoração: Dresden– Alemanha; London – Inglaterra; Mod. Cambridge – Inglaterra; Mod. Kanton – Inglaterra; Mod. Norfolk – Inglaterra; Mod. Oxford – Inglaterra;
Monte Alegre – Portugal
Nadir – Inglaterra, Holanda
Cerâmica Mauá – Inglaterra (jogo de toalete)
Porcelana Mauá (peças decoradas com motivos orientais por empresa decoradora) – Japão
Oxford  – Inglaterra
Pátria (DP e PA) – Alemanha
Rosicler – Portugal
Saler – Inglaterra, França e Portugal
Santo Eugênio – Inglaterra
Schmidt – Inglaterra
Cerâmica Tasca – Itália, Portugal
Vieira de Castro – Portugal
Weiss – Alemanha
Zappi – Portugal, Inglaterra e Itália

algumas das marcas mais "transformadas" em estrangeiras pelos comerciantes.

Como podemos ver na foto, não é possível que se trate apenas de falta de informação, pressa, desatenção ou desinteresse. A identificação de origem das peças (IND. BRAS.; S.PAULO; RIO; MADE IN BRAZIL; BRASIL; SÃO CAETANO) é muito nítida. Certamente o que acontece em muitos casos é puro oportunismo e má fé.

O pior é quando mesmo depois de avisada que uma determinada peça não é estrangeira, mas sim brasileira, a pessoa nada faz a respeito, e continua a vendê-la como importada. Aí já saiu do terreno da desinformação ou distração, para o da pura má fé. E infelizmente, a desinformação é ainda maior entre os compradores, que se deixam enganar facilmente.

Nada tenho contra a valorização da louça importada quando é justa, mas o que não posso aceitar quieto é a desvalorização das peças aqui fabricadas, ou pior ainda, quando a fazem passar por estrangeira, apenas para custar mais caro, pois como ouvi por estes dias “ah... mas se for nacional, aí desvaloriza o preço, né?”, ou para ser mais fácil de vender, uma vez que a louça importada tem maior procura entre os colecionadores.

Há muita louça de alta qualidade produzida em nosso país (em especial os produtos das décadas de 1940, 1950 e início de 1960), na minha opinião, superiores que muita louça estrangeira, por exemplo, inglesa, um dos maiores motivos de “frisson” do mercado de louça antiga. E diferente do Brasil, que produziu e ainda produz porcelana autêntica em enormes quantidades, a louça da Inglaterra quase nunca era de porcelana dura e autêntica,  mas sim de “meia-porcelana”, de algum dos vários tipos de faiança.
Jogo de café DP (Pátria) | Decoração sobre porcelana Real dos anos 1960.
O uso intenso de douração e cenas românticas faz com que alguns julguem se tratar de louça alemã

Arrisco pensar que muito deste comportamento disseminado entre nós é uma antiga herança cultural portuguesa (mas que é responsabilidade nossa não a ter ainda superado), os quais promoveram um grande intercâmbio cultural trans-nacional entre as regiões conquistadas. Um dos melhores exemplos é a Capela de N. S. do Ó em Sabará, MG, construída entre 1717 e 1720, em estilo barroco, mas que teve grande influência oriental. O altar-mor tem motivos chineses, pagodes e mandarins em ouro e azul, e os anjos possuem feições chinesas, um verdadeiro “remix” cultural!

Os navegadores portugueses trouxeram muitas novidades para sua pátria, que logo se tornaram preciosidades cobiçadas. Possuir artigos importados era a forma mais rápida de fazer parte de uma elite. Embora tenham sido durante um período uma das mais poderosas nações do mundo, Portugal parecia dar mais atenção aos valores estrangeiros, do que aos nacionais. Ostentar “estrangeirismos” era uma forma de se sentir e se afirmar “melhor” que os outros. E parece que nós brasileiros, ainda nos dias atuais, continuamos pensando assim.

Mais alguns exemplos de peças de marcas brasileiras que já se viu anunciadas como estrangeiras.

Some-se a isto o fato inédito do nosso país ter sido uma colônia que abrigou a corte e a nobreza do colonizador em suas terras. E com a corte, vieram não só os hábitos e manias europeus, mas também a saudade e a nostalgia da Europa, do lar que ficou longe. Com exceções, naturalmente, me parece que para o nobre português estar no Brasil, na colônia, era um motivo de eterna vergonha e humilhação.

Esta “saudade” da Europa, do centro, a mania de dar mais valor ao que vem de longe, a vergonha de ser brasileiro ou viver no Brasil, se achando sempre insuficiente, carente e desesperado por agregar valores estrangeiros ao corpo, às casas, ao discurso, até mesmo ao idioma, permaneceu entre nós.
Será que para sempre só iremos vestir a camisa verde e amarela e ficar histéricos gritando “BRASIL! BRASIL!” de quatro em quatro anos? Espero que não.

molheira miniatura | Fábrica de Louças Santo Eugênio

molheira miniatura, de jogo de boneca
Fábrica de Louças Santo Eugênio
São José dos Campos - SP
faiança
 (pó de pedra)
decoração com pintura àmão livre e filete em verniz
déc. 1950 (provável)
coleção Fábio Carvalho

sopeira miniatura | Cerâmica Campo Largo

sopeira miniatura, de jogo de boneca
Cerâmica Campo Largo
Campo Largo - PR
faiança (pó de pedra)
decoração com decalques e filete em ouro
déc. 1950 (provável)
coleção Fábio Carvalho

jogo infantil | Fábrica de Louças Água Branca - Cerâmica Matarazzo (IRFM)

jogo infantil
Fábrica de Louças Água Branca - Cerâmica Matarazzo (IRFM)
São Paulo - SP
anos 1930/1940
louça de pó de pedra
decoração com decalques, faixas largas em verniz verde e filetes pretos
coleção Fábio Carvalho

prato infantil | Fábrica de Louças Zappi


prato infantil
Fábrica de Louças Zappi
faiança (louça de pó-de-pedra)
decoração com decalque, aerógrafo, filetes em azul cobalto
déc. 1940/50 (provável)
coleção Fábio Carvalho

peças de jogo infantil | Fábrica de Louças Zappi


peças de jogo infantil
Fábrica de Louças Zappi
faiança (louça de pó-de-pedra)
decoração com decalques, pintura com estanhola e aerógrafo, filetes em ouro
déc. 1940 (provável)
coleção Fábio Carvalho

xícara infantil | Cerâmica Porto Ferreira


xícara infantil
Cerâmica Porto Ferreira
Porto Ferreira - SP
faiança (pó de pedra)
decoração com decalques e filete em verniz vermelho
circa 1954
coleção Fábio Carvalho

canecas infantis | Cerâmica Mauá

canecas infantis
Cerâmica Mauá
faiança (pó de pedra)
decoração com relevo moldado e pintura à mão
déc. 1940 (?) / déc. 1950
coleção Fábio Carvalho

copo infantil | Cerâmica Porto Ferreira


copo infantil
Cerâmica Porto Ferreira
Porto Ferreira - SP
faiança (pó de pedra)
decoração com decalques e filete em verniz vermelho
circa 1954
coleção Fábio Carvalho

jogo infantil | Porcelana Real

jogo infantil
Porcelana Real
Mauá - SP
porcelana
decoração com decalques e ouro
anos 1960
coleção Fábio Carvalho

jogo infantil | Fábrica de Louças Zappi

jogo infantil
Fábrica de Louças Zappi
faiança (louça de pó-de-pedra)
decoração com decalques, pintura com aerógrafo e filetes em verniz vermelho
déc. 1940/50 (provável)
coleção Fábio Carvalho

jogo de bolo
Porcelana Real
Mauá - SP
porcelana
decoração com decalques padrão Chintz e ouro
anos 1960

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...