Por causa de vários contratempos e compromissos, me encontro muito sem tempo para pensar um post elaborado para o evento "Teacup Tuesday", organizado pelas blogueiras Terri e Martha.
Mas não gostaria de ficar de fora esta semana, então como eu queria mostrar a xícara de chá abaixo, que gosto muito, há um tempo, decidi fazer um post com peças de jogo de chá da Fábrica de Louças Santo Eugênio.
O que eu mais gosto na louça fabricada pela Santo Eugênio é o seu caráter popular, com decorações quase sempre muito simples e singelas, muitas vezes pintadas à mão livre ou com uso de estanhola (estêncil ou molde vazado).
Eugenio Bonadio, ceramista italiano, nasceu na cidade de Gorgo al Monticano, na Província de Treviso, em 3 de abril de 1872. Casou-se com Anna Santorio em 1892, com quem teve oito filhos (Maria, Angela Aurora, Corado, Illa Theodolinda, Ines Maria Antonieta, Armida, Sergia e Mario Coriolano).
Eugenio veio para o Brasil em 1910, sem a família, para trabalhar na cidade de Pedreira, no estado de São Paulo, na primeira indústria de louças daquela cidade, de Angelo e Antonio Rizzi.
No fim daquele ano sua esposa e seus filhos vieram também para o Brasil. Anos mais tarde, Eugenio Bonadio resolveu abrir sua própria indústria, e começou a busca de um lugar ideal para a construção de sua fábrica.
A fábrica, que foi a primeira indústria da cidade de São José dos Campos, que começou a ser construída em 1920, empregava maquinário de origem paulista, para fabricação de artigos de mesa e azulejos. A fábrica produzia louça de faiança, do tipo “pó de pedra”. Seus produtos, como quase a totalidade das primeiras fábricas de louça brasileiras, eram destinados à faixa de mercado mais popular, uma vez que a classe média e classe alta consumiam apenas louça importada principalmente da Inglaterra, França e Alemanha.
Eugenio Bonadio faleceu em Jundiaí, em 01/06/1921, meses antes da abertura da fábrica, sendo então substituído no comando por sua esposa Anna Santorio Bonadio, e seu filho Conrado Bonadio. Logo após a sua morte, foi dado o nome Eugenio Bonadio à rua que passava em frente a Fábrica Santo Eugenio, prestando-se assim uma homenagem ao fundador da fábrica.
Depois de apenas seis meses em operação, a Santo Eugenio já apresentava uma produção bastante acentuada para a época, de cerca de 100 mil peças/mês. Seus produtos tiveram grande aceitação nos mercados do Rio de Janeiro e São Paulo.
teacup tuesday - Fábrica de Louças Santo Eugênio
26 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Santo Eugênio, Teacup Tuesday
vaso bibelô Vieira de Castro
pequeno vaso em forma de ovo
Porcelana Vieira de Castro
Rio de Janeiro - RJ
14,5cm (altura) x 7cm (diâmetro)
porcelana
decoração com decalques e detalhes à mão livre em ouro
déc. 1950
fotos cortesia P.A. Seco Antiguidades
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-181206975-vieira-de-castro-maravilhoso-vaso-em-forma-de-ovo-com-pes-_JM
2 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Vieira de Castro
Sopeira - Porcelanas Pátria
sopeira
Porcelanas Pátria (marca "PA 541")
Guarulhos - SP
porcelana
decoração com decalques e detalhes em ouro, sobre porcelana branca Schmidt
déc. 1960
foto cortesia SOLD_ARTS - Mercado Livre
bandeja para bolo - Cerâmica Matarazzo - Mod. Norfolk
bandeja para bolo
Cerâmica Matarazzo (IRFM), marca fantasia Mod. Norfolk
faiança - louça de pó de pedra
decoração por estanhola e aerógrafo
déc. 1940/1950
coleção site Porcelana Brasil
3 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Matarazzo, Mod. Norfolk
bule, cremeira e açucareiro - Saler
bule (sem tampa), cremeira e açucareiro
Ernesto & Hugo Saler Ltda.
Guarulhos - SP
porcelana
decoração com decalques e detalhes em ouro
circa déc. 1960
4 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Saler
teacup tuesday - Cerâmica Iracema
obs.: este post é bilingue para poder participar do evento "Teacup Tuesday", organizado pelas blogueiras Terri e Martha.
Desta vez resolvi seguir um caminho diferente, e apresenta um jogo de chá e bolo de faiança, com decoração geométrica art-déco.
This time I´ve decided to follow a different path: I´ll show you a faiance tea and cake set with a geometric art-déco decoration.
jogo de chá e bolo // tea and cake set
fábrica // manufacture: Cerâmica Iracema - Campo Largo - Paraná - Brasil
faiança // faiance
decoração art-déco geométrica feita com com verniz colorido, aerógrafo e estanhola // geometric art-déco decoration made with masks and airbrush
déc. 1930 // 1930s
coleção // collection site Porcelana Brasil
A Cerâmica Iracema foi uma das pioneiras na fabricação de louça branca de mesa no Brasil, criada na década de 1930, e que aparentemente pelo final da década de 1940 já não funcionava mais. A cerâmica era aparentemente uma manufatura de pequeno porte, ao invés de uma fábrica propriamente dita.
The Cerâmica Iracema pottery was one of the earliests tableware factories in Brazil, created in 1930. Apparently it was no longer working by the end of the 1940s. This pottery was apparently a small manufacture, rather than a proper factory.
O que mais gosto neste jogo é como uma decoração tão simples pode criar um efeito tão rico e encantador, algo típico do período art-déco.
What I like most about this set is how a simple decoration can create such a rich and enchanting effect, a thing that is very typical of the art-déco period.
22 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Iracema, Teacup Tuesday
Chintz, um padrão que veio da Índia
autor: Fábio Carvalho
data: outubro/2006
jogo de café | Porcelana Saler | déc. 1950 decoração com decalque chintz | coleção Fábio Carvalho |
Chintz Indiano pintado à mão, séc 18. |
A palavra inglesa chintz deriva do termo indiano “chint”, que significa um tecido de algodão mais barato, estampado em toda a sua superfície de forma vívida, com um brilho encerado devido ao uso de goma. Geralmente traz desenhos de flores, frutas e pássaros, sendo popular desde o século XVII . Com o tempo, o termo passou a definir todo tipo de tecido exportado da Índia colonial para a Inglaterra que apresentasse padronagem floral complexa. Foi usado não apenas em tecidos, como também em papel de parede.
A padronagem chegou ao Brasil através dos portugueses, que também mantinham negócios com a Índia. Com o tempo o Chintz Indiano foi sendo adaptado ao gosto local, com padrões mais simplificados com flores maiores, de cores contrastantes e intensas.
O que hoje se considera a primeira indústria brasileira foi exatamente uma estamparia de chitas, a “Fábrica de Chitas”, aberta em 1820. Ela se localizava no Rio de Janeiro, no recém criado bairro do Andaraí Pequeno, no “Largo da Fábrica das Chitas” (atual Praça Saens Peña), e funcionou por apenas 20 anos, mas mesmo assim a região continuou a ser conhecida como “bairro das chitas” por quase um século.
No que diz respeito à louça de mesa, a palavra chintz passou a ser usada pelos ingleses, e depois internacionalmente, para definir peças decoradas com padrões florais intrincados e vistosos, que geralmente recobrem a maior parte da louça.
Inicialmente, a aplicação de padrões chintz em louça era um processo decorativo feito através de pintura à mão, o que naturalmente era muito complicado, lento e de alto custo.
jogo da marca inglesa Royal Albert, padrão "Old Country Roses". |
Eles desenvolveram um processo em que os complexos padrões florais eram impressos por litografia em papel ou tecido duplo muito fino, que possuía uma camada removível. A parte impressa era aderida à louça, sendo então retirada a parte removível, exatamente como os decalques atuais. Uma vez queimada a louça nos fornos, permanecia apenas a tinta da impressão, que depois era protegida por uma camada de verniz.
Em meados dos anos 1930, no Reino Unido, era comum se dizer que a decoração chintz era “a expressão máxima do requinte e elegância da mesa Inglesa”. Esta decoração continuou muito popular até o início dos anos 1960, quando começou a ser vista como ultrapassada. Eram os novos tempos, de grandes mudanças no cenário cultural mundial. Nesta época começam também a surgir outros materiais no fabrico de serviço de mesa, o que fez declinar a popularidade da porcelana e faiança em geral, e em particular com a decoração chintz.
Bandeja Royal Winton (Grimwade) padrão Chintz 'Beeston' - Inglaterra - 1934-50. |
Há no exterior uma extensa bibliografia e muitos websites sobre o assunto, e o interesse pela louça chintz cresceu tanto que até mesmo a marca Royal Wades voltou a fabricar louça chintz, devido principalmente à enorme demanda norte-americana por estas peças.
O irônico é justamente o sucesso atual do padrão chintz nas fábricas inglesas num momento em que a maioria delas enfrenta problemas financeiros, pois foi justamente o padrão chintz que, como agora, salvou várias fábricas do Reino Unido durante a depressão da década de 1930.
A própria Royal Wades recontratou recentemente várias operárias que foram demitidas ao longo dos anos 1960, quando as linhas de produtos chintz começaram a deixar de ser produzidas.
E no Brasil...
Fábrica de Louça Paulista (Cerâmica Mauá), data provável déc. 1950/60. Coleção do autor. |
Os exemplares de louça chintz brasileira que podemos encontrar com maior facilidade e em maior quantidade em nosso mercado de antiguidades e colecionismo são os produzidos pelas marcas de decoração Ars Bohemia, Pátria (DP, PA), Porcelanarte/Polovi e Luiz XV.
As peças destas marcas, que utilizavam a louça branca das grandes fábricas em seus produtos, apenas aplicando a decoração, foram produzidas pelas décadas de 1960 e 1970, e possuem motivos muito ricos e vistosos. Também encontramos exemplos de decoração chintz das fábricas maiores e mais tradicionais, como a Porcelana Real (Mauá – SP) e a Porcelana Schmidt (Pomerode - SC), mas não na mesma quantidade e diversidade que as empresas de decoração anteriormente citadas.
Alguns dos padrões chintz “tardios” que encontramos em louça nacional apresentam adaptações ao gosto “psicodélico” da época, também conhecido como "Paisley" (outro padrão importado da Índia).
Licoreiro da Cerâmica São José, decorado com um chintz psicodélico (Paisley). |
Mesmo a fábrica carioca Porcelana D. Pedro II, mais conhecida por sua porcelana para restaurantes e hotéis (foi a primeira fábrica brasileira a se dedicar a este tipo de produção, e ao longo de muitos anos foi o principal fornecedor de louça comercial no país) também produziu peças com decoração chintz.
Atualmente a Vista Alegre do Brasil (empresa portuguesa que comprou a Porcelana Renner em 1998 para produzir no Brasil, visando o Mercosul) possui em seu catálogo atual um padrão de decoração chamado “Chintz Azul”, mas que foge um pouco ao conceito do Chintz tradicional, pois a decoração não cobre a maior parte da louça, deixando muita área branca.
Naturalmente esta não é uma lista definitiva, pois quem lida com antiguidades e colecionismo sabe que todo dia uma novidade pode surgir, e deve-se sempre estar aberto a rever conceitos e paradigmas.
Xícara de chá da porcelana D. Pedro II - déc. 1960. Coleção do autor. |
Teria sido porque foi nestas décadas que a produção local de decalques para a decoração de louça se difundiu, não sendo mais obrigatória a importação dos decalques, o que barateou o processo decorativo?
Talvez, mas o estranho é que os desenhos encontrados em nossas louças chintz são basicamente estrangeiros.
Xícara de café, decoração Emano sobre porcelana Real, déc. 1970. Coleção do autor. |
É uma pena que jamais tenha sido criada por aqui uma decoração de louça chintz com desenhos tipicamente brasileiros, como aconteceu na estamparia.
Fica aqui a minha sugestão para que a nossa indústria aproveite a atual valorização do “Chitão” na moda e no design, e crie jogos de porcelana com padrões tipicamente brasileiros.
Vários exemplos do chitão brasileiro. |
Este artigo foi originalmente publicado na revista Retrô, de abril/2007 - Ano 3 - Edição nº. 18.
Decoração "Chita", criação de Marcelo Rosenbaum |
Prato de sobremesa, Fábrica de Louça Paulista (Cerâmica Mauá) - déc. 1950. |
Xícara de café, decoração Emano sobre porcelana Real, déc. 1970. |
Decoração Luiz XV sobre porcelana Steatita - xícara de café - déc. 1960/70. |
Fábrica de Louça Paulista (Cerâmica Mauá) - déc. 1950. |
Jarro (1 litro) e xícara de chá, Porcelana Rio Branco, déc. 1950. |
Jogo para bolo, Porcelana real, dec. 1960. |
decoração Luiz XV sobre porcelana Steatita - xícara de café - déc. 1960. |
Trio de lanche, decoração PA sobre porcelana Real déc. 1960. |
Xícara de café, decoração Ars Bohemia sobre porcelana Steatita, déc. 1960. |
Decoração Porcelanarte em porcelana Steatita - chintz psicodélico - final déc. 1960. |
Xícara de café, porcelana Schmidt produzida entre 1946 e 1958. |
Porta jóias, Fábrica de Louça Paulista (Cerâmica Mauá) - déc. 1950. |
Petisqueira, Fábrica de Louça Paulista (Cerâmica Mauá) - déc. 1950. |
16 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Ars Bohemia, Cerâmica Mauá, chintz, D. Pedro II, Emano, Luiz XV, Oxford, PA, Pátria, Porcelanarte, Real, Rio Branco, São Pedro, Schmidt, Steatita
um pouco de Chintz
perdoem a foto ruim.
5 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Ars Bohemia, Cerâmica Mauá, DP, Emano, PA, Pátria, Porcelanarte, Rio Branco, Saler, Schmidt, Zappi
xícara de chá e prato de lanche - Porcelana Renner
xícara de chá e prato de lanche
Porcelana Renner - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
porcelana
decoração com decalque e borda em ouro
déc. 1970/80
foto cortesia "DOCE PRIMAVERA"
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-179493738-xicara-para-cha-com-pires-e-prato-po-em-porcelana-renner-_JM
0 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Renner
teacup tuesday - Porcellana Mauá
obs.: este post é bilingue para poder participar do evento "Teacup Tuesday", organizado pelas blogueiras Terri e Martha.
Desta vez, resolvi mostrar duas xícaras diferentes, produzidas por uma mesma fábrica, a Porcellana Mauá, que vou usar hoje para comemorar o "Tea Cup Tuesday".
This time, I´ve decided to share two different tea cups, produced by the same factory, Porcellana Mauá, that I'll be using today to celebrate the "Tea Cup Tuesday".
xícara de chá // tea cups
fábrica // manufacture: Porcellana Mauá - Mauá - São Paulo - Brasil
porcelana // porcelain
decoração com verniz colorido e detalhes em ouro // decoration: colour band and gilding details
déc. 1950/60 // 1950s/1960s
coleção // collection site Porcelana Brasil
Escolhi estas xícaras para que este post fosse bem diferentes das vezes anteriores, pois estas não apresentam decalque floral. A azulo foi comprada em um site de leilões, e a bordô em uma feira de antiguidades.
I´ve chosen these cups because I wanted this post to be quite different from the previous ones; both cups do not exhibit floral decals. The blue cup was purchased at an auction site, the burgundy one at an antique fair.
Como eu não tenho um prato com decoração igual à da xícara bordô, este é o prato que vou usar:
Once I don´t have the matching plate for the burgundy tea cup, I´ll be using this instead:
prato de sobremesa // desert plate
fábrica // manufacture: Porcelana Pátria - São Paulo - São Paulo - Brasil
porcelana // porcelain
decoração com verniz colorido e detalhes em ouro em relevo // decoration: colour band and gilding details
déc. 1950 // 1950s
coleção // collection site Porcelana Brasil
Reparem como é engraçada a barra dourada, cheia de pequenas pessoas, que mais parecem estar celebrando algum ritual pagão!
Notice how funny the golden edge is; a lot of little people, who seem to be celebrating some pagan rite!
Este prato eu comprei em um brechó (loja de artigos de segunda mão) junto com diversar outras peças.
This plate I bought at a thrift store, along with several other pieces.
27 comentário(s) - clique para ler ou comentar
palavras-chave: Porcellana Mauá, Teacup Tuesday